Campanha Nacional para a Consciencialização Sobre a Overdose e a Naloxona Arranca no Reino Unido

Cartazes com Carry Naloxone escrito em Manchester

Uma nova campanha nacional de consciencialização sobre overdose e naloxona – aparentemente a primeira do género – arrancou esta semana, com o intuito de realçar a importância de as pessoas terem em sua posse esta medicação que salva vidas, no sentido de prevenir uma overdose fatal de opiáceos, sendo essas as mortes que constituem metade das fatalidades de todas aquelas associadas a narcóticos em Inglaterra e no País de Gales. 

Uma campanha nacional de consciencialização sobre a overdose e sobre a naloxona arrancou esta semana por cidades do Reino Unido, com o intuito de realçar a importância de entender os riscos da overdose, e de garantir que esta medicação que salva vidas pode ser acessada por qualquer pessoa provável de presenciar ou de sofrer uma overdose de opiáceos. 

Esta campanha original inclui imagens de pessoas que foram pessoalmente afetadas por overdoses, e que foram treinadas na prevenção de overdose e agora têm consigo naloxona. Pensa-se que esta campanha nacional é a primeira do seu tipo, e desafia, consequentemente, a estigmatização e a forma como as pessoas que consomem opiáceos são normalmente vistas, visão esta que muitas vezes leva à discriminação e ao preconceito. 

Educar o público sobre os sinais de overdose e sobre a utilização correta da naloxona, bem como o encorajamento de mais pessoas a ter consigo esta medicação é vital já que as mortes associadas a drogas continuam a aumentar no Reino Unido, que apresentou o recorde do número de mortes pelo oitavo ano seguido. Muitas das mortes são o resultado de overdoses fatais de opiáceos - o tipo de morte que a naloxona consegue prevenir. Os dados mais recentes relativos à Inglaterra e ao Pais de Gales indicam que opiáceos como a heroína e a morfina estiveram envolvidos em metade (quarente e nove por cento) de todas as intoxicações de drogas registadas em 2019. Este número aumenta para sessenta e dois por cento de todas as intoxicações de drogas quando excluímos os certificados de morte que não incluíram o tipo de droga. Enquanto as mortes associadas a narcóticos têm vindo a aumentar ano após ano desde 2013,  assim como pureza (força) dos opiáceos, nomeadamente heroína, que atingiu os níveis mais altos em dez anos, os dados governamentais demonstram uma redução de vinte e sete por cento no financiamento de serviços de tratamento de drogas para adultos desde 2015/16.

A Release, o centro nacional sobre drogas e lei de drogas, já tinha conduzido anteriormente pesquisa que salientava a disponibilidade limitada de naloxona no Reino Unido, defendendo a necessidade de uma provisão mais ampla. A Release dá as boas-vindas a esta campanha, tendo o seu Diretor Executivo, Niamh Eastwood, comentado, “Esta campanha coloca os consumidores de drogas no centro. São as suas experiências de ver os seus amigos e entes queridos morrer de overdoses de opiáceos, mortes estas que poderiam ter sido evitadas, que tornam ditos relatos poderosos. O Reino Unido detém um historial vergonhoso no que diz respeito à proteção das vidas daqueles que consomem drogas, com um terço de todas as mortes na Europa ocorrendo neste país. No mínimo, a disponibilidade difusa da naloxona e a educação pública sobre a utilização desta medicação deve estar na base de qualquer resposta”. 

A campanha arranca esta semana com cartazes com fotografias de pessoas que escolheram partilhar as suas experiências pessoais com naloxona, e utiliza as suas citações diretas com o intuito de encorajar o público mais amplo sobre este tópico importante. Os cartazes estão localizados por Londres e Manchester, com localizações adicionais esperadas de ser alvos da campanha nas próximas semanas. 

Sendo a campanha coproduzida com pessoas que consomem drogas, quer presentemente ou no passado, e que podem ter estado em risco de overdose elas mesmas, é a chave e um aspeto original da campanha. Lee Collingham que está presente na campanha de cartazes, descreve as razões que levaram ao seu envolvimento, “A razão principal que me levou a estar envolvido nesta campanha não se cinge ao meu ativismo sobre a solução milagrosa que a naloxona é no que diz respeito à prevenção de overdoses fatais na última década, mas também porque a campanha em si é educacional e informa o público em geral, aqueles que consomem drogas e profissionais, que algo tão simples como ligar para uma ambulância ou fazer compressões no peito podem fazer uma diferença monumental”. 

Collingham continua “A minha esperança é que as pessoas não procurem apenas ter naloxona consigo, mas que toda a gente aprenda mais sobre como salvar uma vida. Pessoas devem chamar uma ambulância quando julgam que alguém está a ter uma overdose, e não a polícia, bem como podem procurar formação gratuita – que pode demorar somente apenas vinte minutos – para aprender como podem, eles mesmos, salvar uma vida”. 

Niamh Eastwood adiciona, “O que esta campanha demonstra lindamente através da sua abordagem anti-estigma, é a cara das pessoas que passaram pela experiência. É esta humanidade que é frequentemente ignorada pelos políticos, os media e outras agências que procuram desumanizar e antagonizar esta população vulnerável - o que permite ver as vidas destes como dispensáveis. Tal tem que acabar – temos que reconhecer que o estigma mata”. 

Esta campanha é financiada pela Ethypharm e é produzida pela Agency Havas Lynx que trabalhou diretamente com os participantes da campanha, tendo a Release como parceiros orgulhosos. 

 

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