O uso de Drogas está se Tornando "Particularmente Grave" na Coreia do Norte

Os índices de uso de drogas na Coreia do Norte (RPDC) são maiores do que se imaginava.
De acordo com novas informações apresentadas por um centro de pesquisa sul-coreana, o uso de drogas na Coreia do Norte é mais disseminado do que se imaginava.
Durante um seminário em Seul no início de dezembro, Lee Gwan Hyeong revelou os resultados inesperados obtidos pela sua equipe de pesquisa a respeito da Coreia do Norte, país também conhecido oficialmente como República Democrática Popular da Coreia (RPDC). Cerca de uma em cada três pessoas da RPDC usa substâncias consideradas ilícitas internacionalmente, sendo a metanfetamina a droga mais popular.
Lee é um pesquisador do Banco de Dados dos Direitos Humanos da Coreia do Norte (Database Centre For North Korean Human Rights - NKDB), um centro de pesquisa sul-coreano que tem o compromisso de expor as violações de direitos humanos praticadas pelo governo da RPDC, além de "proteger e apoiar as vítimas destes casos".
A pesquisa, que a NKDB se comprometeu em executar principalmente através da realização de várias entrevistas minuciosas com desertores da RPDC, não deve ser considerada conclusiva. A natureza secreta do regime da RPDC impede que informações claras sobre seus cidadãos se tornem de conhecimento público internacional. Além disso, a relação obviamente politizada entre a Coreia do Sul e a RPDC lança algumas dúvidas sobre a objetividade da pesquisa, conduzida por grupos leais à primeira.
No entanto, informações levantadas pelo NKDB sugerem um índice sem precedentes de pessoas usuárias de metanfetamina, droga conhecida localmente como "bingdu".
"O problema é particularmente grave porque a distribuição e a disponibilidade de drogas tornaram-se onipresentes em todo o país. Uma grande parte da população - independentemente de idade, sexo ou classe - tornou-se usuário ativo de [metanfetamina]", de acordo com Lee.
A pesquisa de Lee sugere uma alta prevalência do uso de drogas na capital nacional, Pyongyang, onde um desertor da RPDC alegou que "as pessoas te olham de forma estranha se você não usa drogas".
Assim como com a maioria das políticas públicas da RPDC, as leis de drogas não são claras. De acordo com a publicação local Daily NK, o regime reclassificou as drogas ilegais como “matérias-primas” em 2003, permitindo de forma legal a sua produção, venda e consumo.
Profissionais internacionais da saúde consideram cada vez mais a regulamentação das drogas ilícitas uma abordagem eficaz para reduzir os danos causados pelo uso da droga, e melhorar cada vez mais a saúde pública. No entanto, tal abordagem requer o acompanhamento através de programas de educação e redução de danos (como o fornecimento de equipamento esterilizados), e que o uso de drogas não seja incentivado pelo Estado.
Há poucas evidências de que o regime da RPDC utiliza a abordagem de redução de danos para minimizar os efeitos do uso de drogas. Yang Okey-kyung, um professor de assistência social que entrevistou mais de 1.400 desertores da RPDC, afirma que o regime não tem um sistema de "cura e prevenção" para a dependência de drogas.
O NKDB corrobora com esta afirmação: "Como não existe a possibilidade de solucionar o problema da dependência na Coreia do Norte, muitos norte-coreanos simplesmente continuam a consumir drogas, apesar dos efeitos negativos em sua saúde física e mental".
Ao invés de tentar reduzir o uso problemático de drogas entre os seus cidadãos, o regime da RPDC pode estar provocando ativamente o consumo. Há evidências significativas que sugerem o envolvimento do regime no tráfico de ópio e metanfetamina durante décadas. Devido à imprevisibilidade do tráfico internacional, o regime pode estar tentando ganhar mais dinheiro e construir uma base maior de consumidores ao incentivar dependência doméstica.
É difícil tirar conclusões sobre questões políticas relativas a RPDC devido à falta de dados disponíveis. Independentemente disso, a pesquisa do NKDB indica que o consumo problemático de droga é uma ameaça significativa para a vida das pessoas. A falta das práticas de redução de danos pode levar a uma pandemia de saúde de sem precedentes.